LEMBRETE

quinta-feira, 13 de março de 2008

REFLETINDO SOBRE RELIGIÕES II.

REFLEXÕES ACERCA DAS RELIGIÕES
Escrito em 1899

Agora, as questões são estas: será que a religião foi fundamentada em qualquer fato conhecido? Será que esse tipo de ser - Deus - existe? Será que foi ele que nos criou? Será que alguma oração já foi respondida? Será que algum sacrifício de bebês ou bois assegurou a mercê deste Deus invisível?

PRIMEIRO:

Um Deus infinito criou os homens?
Por que criou os intelectualmente inferiores?
Por que criou os deformados e os desvalidos?
Por que criou os criminosos, os dementes, os loucos?
O poder e a sabedoria infinitas podem apresentar qualquer justificativa para a criação dessas falhas?
Tais falhas estão sob a obrigação de seu criador?

SEGUNDO:

Um Deus infinito é o governador deste mundo?
É o responsável por todos os chefes, reis, imperadores e rainhas?
É o responsável por todas as guerras que foram travadas, por todo o sangue inocente que foi derramado?
É o responsável por séculos de escravidão, pelas costas que foram feridas pelo flagelo, pelos bebês que foram vendidos ainda no seio de suas mães, pelas famílias que foram separadas e destruídas?
Este Deus é o responsável pela perseguição religiosa, pela Inquição e por todos os instrumentos de tortura?
Este Deus permitiu que os cruéis e vis destruíssem os bravos e os virtuosos? Permitiu que tiranos derramassem o sangue dos patriotas?
Permitiu que seus inimigos torturassem e queimassem amigos?
Quanto vale um Deus desta espécie?
Um homem decente, tendo o poder de evitá-lo, permitiria que seus inimigos torturassem e queimassem seus amigos?
É possível concebermos uma malevolência suficiente para dar preferência aos inimigos em vez dos amigos?

Se um Deus bondoso e infinitamente poderoso governa este mundo, como podemos justificar os ciclones, os terremotos, a pestilência e a fome?
Como podemos justificar o câncer, os micróbios, a difteria e o milhar de outras doenças que atacam durante a infância?
Como podemos justicar as bestas selvagens que devoram seres humanos e as serpentes cujas mordidas são letais?
Como podemos justificar um mundo onde a vida alimenta-se de vida?
Será que os bicos, garras, dentes e presas forma inventadas e produzidos pela infinita misericórdia?
A bondade infinita deu asas às àguias para que suas presas fugazes pudessem ser arrebatadas.
A bondade infinita criou animais de rapina com a intenção de que eles devorassem os fracos e os desamparados?
A bondade infinita criou as inumeráveis criaturas inúteis que que se reproduzem dentro de outros seres e se alimenta de sua carne?
A sabedoria infinita produziu intencionalmente os seres microscópios que se alimenta do nervo óptico?
Pense na idéias de cegar um homem para satisfazer o apetite de um micróbio!
Pense na vida alimentando-se da própria vida! Pense na vítimas! Pense no Niágara de sangue se derramando no precipício da crueldade!

Tendo em vista tais fatos, o que é, afinal, a religião?

É o medo. O medo constrói altares e oferece sacrifícios. O medo erige catedrais e curva a cabeça dos homens em adoração. O medo dobra os joelhos e profere orações. O medo finge amar.

A religião ensina virtudes escravizantes tais como: obediência, humildade, autonegação, perdão e conformismo.

Lábios religiosos e tementes repetem, trimulantes, esta passagem: "Ainda que ele me mate, nele confiarei ( cf. Jó - 13:15). Isso é um abismo de degradação.

A religião não ensina autoconfiança, independência, hombridade, coragem, autodefesa. A religião faz de Deus o mestre e do homem seu servo. E tal mestre não consegue ser suficientemente grandiosos para fazer da escravidão algo aprazível.